quinta-feira, 2 de março de 2017

Os Mecanismos da Conquista Colonial


Durante o recesso escolar, optei por estudar à invasão e conquista da América. Para isso, realizei a leitura do livro intitulado Mecanismos da Conquista Colonial, do autor Ruggiero Romano.

Na primeira parte do livro, é discutido a série de fatores que culminaram na conquista da América, abordando de maneira interpretativa as vantagens bélicas, quase sempre limitadas a fatores geográficos onde as batalhas ocorreram. É destacado aqui, a importância da aliança entre europeus e indígenas durante o período de conquista, principalmente quando se tratava de batalhas empreendidas a exércitos regulares, ou seja, as grandes civilizações pre colombianas.

Em seguida, disserta sobre a imposição cultural exercida pela religião católica e seu impacto na estrutura político religiosa extremamente fechada em que essas civilizações se encontravam. As diferenças entre os povos conquistados, as epidemias, tudo isso é analisado e discutido durante a primeira parte do livro. Oferecendo assim, uma rede onde cada fator desencadeava um outro, destacando que todos os mecanismos eram interligados e dependentes.

Para entender as motivações dos espanhóis, é feita uma breve análise da raiz do pensamento hegemônico dos conquistadores. Observando que suas ambições, preconceitos e princípios advinham das suas sociedades de origem e da condição econômica da Europa no período. O grande numero de nobres que não possuíam terras e nem perspectivas de adquirir posses na terra natal, segundo o autor, foi a motivação para que viessem tantas expedições particulares para o recém achado continente. Romances de cavalaria permeavam o imaginário desses homens através de saborosas narrativas que exaltavam a bravura e a honradez de homens corajosos em terras pitorescas.

Traçando paralelos entre a colonização na América e a Europa medieval, o autor recorre aos feudos para explicar as propriedades concedidas aos conquistadores e a seus filhos. Deixando claro para os leitores que o capitalismo europeu não visava substituir o sistema de exploração de indígenas. Mesmo após as disposições reais, que em teoria buscavam criar um mercado de mão de obra assalariada, as mudanças jamais chegaram a ocorrer efetivamente visto que permitia forçar o indígena a produzir se o mesmo o recusasse. Gerando um conflito ainda maior, precarizando as condições de trabalho e ainda, posteriormente, criando mecanismos de endividamento.

Por fim, o autor considera e problematiza o sentimento de "latinidade", falando sobre sua origem e sobre a sua ressignificação. Para que, segundo ele, não sejamos cúmplices de um prolongamento da conquista. Apontando assim, um tema para futuras pesquisas.

O livro proporciona ao professor uma importante ferramenta ao trabalhar o assunto. Além de servir como referencial teórico para a elaboração de aulas, pode se utilizar trechos e recortes importantes e ainda oferecer ao aluno contato com fontes históricas contidas no subtítulo documentos, estimulando a sua criatividade e senso crítico.


REFERÊNCIAS

ROMANO, Ruggiero. Os Mecanismos da Conquista Colonial: Os conquistadores. 3. ed. São Paulo: Perspectiva S.A, 1995. 126 p. Tradução de: Marilda Pedreira.