quinta-feira, 2 de março de 2017

Leitura do livro: Casa Grande e Senzala




Casa Grande e Senzala – Gilberto Freyre

Casa Grande e Senzala foi lançado em 1933, momento em que o Brasil sofria significativas transformações iniciadas em 1930, como o agravamento da crise econômica, levantes militares e revoltas.
O livro foi desenvolvido com o olhar do autor de homem branco e senhor. Por mais que a presença do negro tenha sido exaltada, ainda transparece sua cultura patriarcal e sua posição social, pois este tempo foi muito difícil para a maioria dos brasileiros, principalmente para o negro.
Conhecido por seus vários capítulos sobre a sexualidade do Brasil Colonial. É importante a descoberta de Freyre de que a fama brasileira de promiscuidade sexual não é derivada dos indígenas nem dos negros vindos da África, mas sim do europeu, pois ambos não eram muito sexualizados e tampouco possuíam a malicia dos povos europeus.
Com a falta de mulheres brancas para os colonizadores a miscigenação foi inevitável, o casamento entre mulheres indígenas e homes branco foi incentivado pela igreja, mas com negras vindas da África não, pois a eles o acesso ao sacerdócio era vetado. A igreja também não teve grandes preocupações com a educação de mestiços e negros.
Escolas eram raras e existia pouca educação religiosa isso foi desencadeado a partir da criação de crianças brancas, negras e mestiças no mato. Nesse quesito, Freyre mostra uma das raízes da violência na sociedade. O menino branco da Casa-Grande era ensinado desde a infância a ser insensível com os animais e com todos aqueles que considerassem inferiores, ou seja, os negros e os mulatos. Violência está que o seguiria durante a vida adulta, principalmente contra as mulheres, o sentimento de posse em relação à mulher foi herdado pelo homem patriarcal.
Freyre não romantiza o sistema colonial brasileiro, mas sim, busca uma compreensão do sistema escravocrata da época. Com um ar poético, o livro exalta a contribuição das três raças que formaram nosso caráter, mostrando que não foi a miscigenação brasileira que nos deixou com muitos de nossos problemas atuais, mas sim a escravidão e sua mentalidade, ainda presente em boa parte do Brasil contemporâneo.
Acredito que este livro poderia ser usado como base para aulas no ensino fundamental, pois o mesmo nos traz uma nova percepção da formação de nossa nação, poderia se trabalhar com a elaboração de árvores genealógicas dos educandos, pesquisas a respeito da culinária, vestuário, religião, doenças trazidas pelos portugueses durante a colonização e com elaborações de painéis que possam representar a vida das pessoas naquela época, existem inúmeras possibilidades de uso.

Referência Bibliográfica: 

 FREYRE, G. Casa Grande e Senzala. 50ª. ed. São Paulo, 2005.

Publicado por: Maiara Oliveira