sábado, 25 de fevereiro de 2017

A Formação da Classe Operária Inglesa I





A  Formação da Classe Operária Inglesa I

A  árvore da liberdade


A Formação da Classe Operária Inglesa é uma obra dividida em três volumes, A árvore da Liberdade, A maldição de Adão e A força dos trabalhadores, onde o autor dedica-se de maneira intensa a descrever o processo de construção, de reconhecimento e identificação da classe trabalhadora na Inglaterra.  E. P. Thompson, utilizando o conceito de classe marxista onde do ponto de vista histórico para que haja o reconhecimento de uma classe social dois fatores são necessários: a consciência e a identidade. A consciência é o item de maior importância para a identificação da classe, ou seja, a classe não está constituída de acordo com um dado estatístico salarial, com base em quanto o sujeito ganha anualmente, como observamos dentro do ponto de vista econômico mundial vivido por nós hoje, e sim pela consciência que o sujeito tem em relação a sua classe social, como ele se identifica, quais são suas origens e seus aspectos culturais. Marx considerou a burguesia revolucionária, do ponto de vista que ela implantou o modo econômico capitalista, superando o antigo sistema medieval em que o trabalhador estava preso à terra e ao seu proprietário, criando um novo modo de vida que se sustenta com base no detrimento da classe trabalhadora. Esta classe por sua vez, a partir do momento em que se reconhece, passa a ter ação política dentro do processo histórico industrial capitalista inglês, constituindo-se então verdadeiramente como classe. Dessa forma para entender o processo de formação da classe trabalhadora inglesa, Thompson analisa todas as estruturas e todos os aspectos que vão constituir essa categoria social, e como elas surgem no decorrer do século 19 logo após as revoluções burguesas, adquirindo direitos dentro do espaço político. Dentro da sua análise ele demonstra que não é possível trabalhar com generalizações quando tentamos entender como a classe se forma, percorrendo aspectos relevantes ligados aos primeiros movimentos e as primeiras organizações políticas, dentro de uma sociedade complexa e regimentada por tradições baseadas em direitos adquiridos através do costume e da moral inglesa. Para Thompson a questão da identidade está ligada a cultura e a consciência está ligada a luta política, dentro dessa abordagem marxista, ele busca os atores da formação histórica da classe operária inglesa, quais são os fatores culturais, as lutas religiosas e os enfrentamentos com o Estado, demonstrando como não é possível trabalhar com generalizações porque a classe operária não é um bloco único, sem diferenças culturais.
Com um capítulo tratando exclusivamente sobre a questão religiosa inglesa, onde os dissidentes foram impedidos por um longo período de participar da vida pública e como ao longo do século passam a trabalhar pelas suas liberdades civis e religiosas. A obra evangelizadora, analisada pelo autor, também revela uma considerável parcela da população de pobres, com características diversas. No capítulo três, As Fortalezas de Satanás, observamos que as diversas camadas sociais que constituem as frações do proletariado, onde os sujeitos que orbitam sem profissão e formam o excedente da força de trabalho no final do século 18 e constituíam dentro do julgo da dissidência religiosa, os pobres de cristo, pecadores penitentes, assassinos, bêbados e ladrões. Mas que dentro do viés de classe esse comportamento “criminoso” revela na verdade os meios diversos que a população excedente encontrou, fora dos meios legais e do sistema capitalista de trabalho, para se manter. Os falsos moedeiros, agentes lotéricos, parasitas às margens do rio ou as diversas personalidades pitorescas como os garotos da sarjeta, caçadores de briga, marreteiros, cocheiros de ocasião, idiotas... (P.57), que somavam ao todo cento e quinze mil habitantes dentro de uma população estimada em cerca de um milhão, representavam uma parcela considerável da população e uma minoria que sem linguagem política poderiam ter suas ações e participações no processo de formação da classe facilmente esquecidos.
Pensando a questão da formação da classe operária e todo o exaustivo trabalho do autor para entender os processos que levam os trabalhadores ingleses a se identificarem como classe e se reconhecerem dentro dos aspectos culturais, sociais e econômicos elevando a categoria trabalhadora a uma real consciência de classe e levando em consideração que a obra se passa dentro do contexto das revoluções burguesas na Inglaterra, período que será abordado dentro dos assuntos que serão tratados em sala de aula, nas turmas de Ensino Médio do segundo ano da Escola Estadual Melvin Jones, é de extrema importância mas que devido a complexidade da obra, não é recomendado para leitura em sala de aula. Entretanto a análise é fundamental para a pesquisa do professor, que deve entender as complexidades desse período revolucionário não apenas na Europa, mas em todo o mundo, inclusive no Brasil, e que ainda ditam as normas e regras do plano político, social e econômico que vivemos atualmente. A obra também pode ser utilizada pelo professor no auxílio da elaboração de conteúdos que se proponham a traçar um panorama entra as diferenças constituintes de uma sociedade que desponta de maneira vantajosa na nova organização econômica e como isso reflete nos processos políticos de independências e substituição de força de trabalho nas colônias americanas, e como esses países são inseridos dentro da nova organização mundial capitalista, deixando de serem colônias de exploração para tornarem-se repúblicas periféricas. O professor além de elaborar tais conteúdos, também poderá propor atividades de pesquisa para identificar quem são os agentes e os atores dentro do processo de formação das classes trabalhadoras e os diversos segmentos de classe nos países latinos e americanos.

THOMPSON, E. P. A Formação da Classe Operária Inglesa; tradução Denise Bottmann. - Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
Tradução de: The making of the english working class.




sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Brasil: uma biografia. Pesquisa em Brasil Imperial

Na obra Brasil: uma biografia, as autoras Lilia M. Scharcz e Heloisa M. Starling apresentam uma análise histórica no território brasileiro, entre a chegada dos portugueses e os dias atuais. O livro se organiza de maneira cronológica e se divide em capítulos relacionados às principais estruturas sociais, econômicas e políticas do país ao decorrer dos últimos séculos. Rico em imagens que auxiliam o leitor a compreender conceitos e construções, o livro possui uma linguagem explicativa e simples, que pode ser acessada além dos profissionais da área.
Para o nosso trabalho, a leitura se deteve no Brasil Colonial, pois esse será o período de estudo durante o ano letivo na escola. Esse espaço de tempo é dividido na formação inicial do país, onde decorrem as relações do português com os povos nativos, as sociedades ameríndias no território brasileiro, e as formas de organização utilizadas pela Coroa Portuguesa na colonização do território. Em sequência decorrem as organizações da “civilização do açúcar”, como as próprias autoras se referem, e todo o sistema escravista, com suas camadas, estruturas de trabalho e resistências. O último capítulo já estudado, engloba a descoberta dos minerais preciosos da atual região de Minas Gerais, e toda a sociedade mineradora que se desenvolve na região. Os interesses portugueses e as práticas de escambo, bem como a estrutura de trabalho e relações presentes no período.
            O livro é muito útil como fonte de pesquisa para o professor. É bastante completo e por possuir sua organização numa cronologia semelhante aos livros didáticos, é fonte acessível para o desenvolvimento das aulas. Analisa os processos de maneira contínua, com informações que ajudam a entender os processos de transição na história do nosso país. Além disso, por não ter uma linguagem muito complicada, recortes podem ser usados para leituras em sala de aula, sendo apenas para comentários, ou até mesmo para atividades onde os estudantes poderiam produzir algo acerca desses trechos, podendo utilizar-se de questionários ou palavras-chave com a finalidade de uma produção de mapa conceitual do determinado recorte.


REFERÊNCIAS:

 SCHWARCZ, Lilia M.; STARLING, Heloisa M.. Brasil: uma biografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. 694 p.

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Os intelectuais na Idade Média


Os intelectuais na Idade Média - Jacques Le Goff

            Neste período de recesso escolar estive envolvida com a leitura do livro ‘Os intelectuais na Idade Média’ de Jacques Le Goff a fim de compreender alguns aspectos da época. No livro o autor fala do cotidiano estudantil do século XIII e não os teólogos que tinham influência naquela época (muitos livros tratam disso).
            O intelectual da Idade Média descrito, nasceu junto com as cidades no Ocidente com o desenvolvimento industrial, o comércio nos centros urbanos, onde os clérigos eram camponeses porque trabalhavam na terra, também eram soldados, administradores, juízes, grandes proprietários de terra ... O intelectual apareceu como um desses homens de ofício, constituindo um grupo social urbano, eles eram novidade em um período que isso era suspeitado.
O intelectual do século XII é um profissional, com os seus materiais - os antigos -, as suas técnicas - a principal das quais é a imitação dos antigos. Um homem cujo oficio é escrever ou ensinar, e de preferência as duas coisas a um só tempo, um homem que, profissionalmente, tem uma atividade de professor e de erudito, em resumo, um intelectual – esse homem só aparecerá com as cidades. (LE GOFF, 1957, pág. 30).
            Nessa época, escolas e mercados apareciam junto com as cidades. Os mestres geralmente não eram sacerdotes e a teologia era apresentada como ciência.
            Ao longo do livro Le Goff fala de quatro intelectuais da época, Abelardo, Tomás de Aquino, Siger de Brabante e Wyclif.

            Acredito que trabalhar esse livro no ensino fundamental seria bem interessante se recortes fossem feitos. Mostrar a Idade Média desvinculada a ideia de Idade das Trevas, explicando, por exemplo, que foi necessária uma separação entre escola monástica (para os monges) e uma escola urbana, aberta para todos e refletir sobre as escolas hoje em dia fazendo algumas comparações. Mostrar aos educandos como eram as cidades e a mudança que aconteceu ao longo do tempo e utilizar o recurso de confecção de maquetes – metodologia dinâmica - para que pudessem visualizar melhor a transformação.
Referências Bibliográficas:
Os intelectuais na Idade Média/Jacques Le Goff; tradução de Marcos de Castro. – 2ª ed. – Rio de Janeiro: José Olympio, 2006. 

Bolsista: Bruna Grizza

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

A SOCIEDADE FEUDAL, MARC BLOCH



Durante estas férias, estive empenhada na leitura do livro A Sociedade Feudal de Marc Bloch. A obra foi escrita no ano de 1939-1940, e encontrasse na 2º edição, traduzida por Liz Silva e revisada por Miguel Rodrigues e Eugenia Rodrigues.
            O livro ajudou a  denominar a Idade Média a um período extremamente extenso, que abrangeu quase um milênio, este período que foi classificado como Idade das Trevas, o que é de todo correspondente a verdade, principalmente quando se refere á atuação da Igreja Católica, a qual teve muitas variáveis durante o tempo.
Conceituar feudalismo através da obra de Bloch permite a construção do Sacro Império, no séc. X. Magno, reintroduz o império (romano-germânico). Com o desmoronamento do Sacro Império, a Europa assisti a chegada dos húngaros, dos normandos e dos árabes. Estes que deram inicio a um período de fome e pestes, que ficou conhecido como peste negra no período medieval.
O livro nos permite compreender a forma de como o feudalismo é formado, desde a relação de poder do senhor feudal, até ao seu sistema econômico, na qual a pessoa trabalha em troca de proteção do senhor feudal.
Quando os germanos se tornam sedentários e acabam por se converter a religião católica visando incorporar seus costumes ( séc VI e VIII), eles continuaram sendo vistos como saqueadores. Marc assim, reconstrói a história destes povos, os sarracenos, no ano de 890, atacavam e saqueavam mosteiros distantes, na Riviera, fazendo de prisioneiros quem em sua frente estivesse, pegando-os como prisioneiros e por fim os vendendo como escravos. A Europa ocidental, era a zona de encontro dos saqueadores húngaros, que por fim alcançaram um vasto território na Galileia do norte.
No livro, também é falado sobre os escandinavos, que nos deixaram um legado de histórias sobre as lendárias lutas e conquistas vikings. Mas não posso deixar de lembrar do terror a qual estes homens fizeram a Europa passar, os vikings  dominaram Santiago de Compostela, na margem do mar norte entre os anos de 966 e 970. Porém, eles não eram tão invencíveis  assim, foram derrotados por na Borgonha , mas por fim são aceitos nos territórios da Normandia.

            Por conta da insegurança que percorria a capital, os senhores feudais chegaram a conclusão de que a segurança deveria ser de sua responsabilidades , dando inicio ao feudo . Em troca desses serviços se de a relação senhor – escravo.




Referencia: 
BLOCH,Marc Léopold Benjamin. A sociedade feudal, 2 edição, 1998, 512 p.